QUEM ANDA A PÉ PRECISA DE MAIS ATENÇÃO

QUEM ANDA A PÉ PRECISA DE MAIS ATENÇÃO

 

Estudo revela que nos dois Estados mais populosos quem está a pé, corre o maior risco.

 

 

Dentro do eixo Estudos & Pesquisas do OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária, publicamos hoje o primeiro estudo da série “Relatório Estatístico de Segurança Viária – PEDESTRE”, com várias análises sobre o modo de transporte mais antigo da humanidade e por qual todos nós em algum momento estamos: a pé. Dentre algumas constatações, os dois Estados mais populosos do país – Rio de Janeiro e São Paulo – mostra que a principal vítima do trânsito é quem está a pé, representando especificamente 40% e 34%, no total de óbitos registrados pelo DataSus em 2015.

A parceria entre o OBSERVATÓRIO e a UFPR (Universidade Federal do Paraná) gerou esse trabalho, mas a série deve apresentar, ao longo desse ano ainda, mais duas edições, com o objetivo reunir estatísticas de diferentes fontes para entregar à sociedade um diagnóstico completo sobre a situação, em termos de segurança viária de diversos grupos de usuários caracterizados por seu modo de transporte, faixa etária, ou mesmo por determinado comportamento de risco. Cada relatório é composto por uma introdução sobre o tema, seguido de perfis estatísticos para o Brasil e cada uma das Unidades da Federação, além de concluído por uma seção de recomendações.

Nesse documento, entre as constatações que mais chamam a atenção é de que, nas cidades com menos de 250 mil habitantes, o modo de deslocamento da maioria da população é a pé, chegando até a 40% de todas as viagens realizadas. Sendo o pedestre, o ator mais vulnerável do trânsito, todas as políticas de mobilidade e segurança devem ter no caminhar a atenção principal. Calçadas, travessias, praças e todo o conjunto de caminhos por onde passa o pedestre deve receber prioridade de investimentos dos governos.

No contexto da segunda metade da Década Mundial de Ações para a Segurança Viária, em que o Brasil ainda apresenta números inaceitáveis de vítimas do trânsito, as práticas de gestão da segurança – um dos pilares da Década indicados pela Organização das Nações Unidas – adquirem importância fundamental na elaboração estratégias adequadas às distintas e contrastantes realidades existentes no território brasileiro.

Esse estudo tem como objetivo principal reunir diversas estatísticas sobre a mortalidade de pedestres no Brasil, de modo a auxiliar na construção de uma estratégia de atuação para a garantia da segurança desse grupo de usuários que, no exercício mais universal do direito de ir e vir – andar a pé –, estão vulneráveis aos riscos de acidentes de trânsito.

Com esse relatório, o OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária cumpre sua missão que é de “desenvolver e compartilhar conhecimentos técnicos e comportamentais para influenciar políticas públicas e sociais, por meio de alianças estratégicas, ações contínuas, estudos e pesquisas a fim de contribuir com a construção de um trânsito mais seguro para o Brasil”.

No final apresentamos as recomendações sugeridas pela equipe técnica diante da explícita necessidade de direcionar maior atenção aos usuários do modo a pé no país, tanto por sua representatividade nos deslocamentos diários, quanto por sua evidente vulnerabilidade constatada por meio das análises de âmbito nacional e estadual. Com isso, destacamos:

  1. Melhoria no planejamento de transportes e engenharia de tráfego visto que o modo a pé demanda investimentos em infraestrutura, em geral, mais baixos (em comparação aos modos motorizados) e impactam positivamente parcela substancial das viagens nas cidades brasileiras.
  2. A faixa de pedestres deve ser um reforço (importante) à preferência de travessia do pedestre nas interseções. Nas travessias em meio de quadra, nas quais não é previsível e clara a linha de desejo, esta deve ser regulamentada pela faixa de pedestre.
  1. A redução dos limites de velocidades em vias urbanas deve ser uma tendência a ser seguida, pois contribui para a preservação da integridade dos usuários mais vulneráveis na medida em que reduz, tanto os riscos de acidentes ocorrerem, quanto a severidade dos mesmos. A alegação contrária a esta medida, de que aumenta os congestionamentos, é contestável pelo menor espaçamento necessário para a circulação de veículos em velocidades mais baixas, de modo que uma via é capaz de acomodar mais veículos em velocidades mais baixas – conceito de densidade em engenharia de tráfego.

 

Com essa publicação, queremos incentivar governantes, iniciativa privada e também a sociedade, em voltar esforços para que juntos possamos propor melhorias e ações que colaborem para a mudança do comportamento de todos no trânsito, pois no nosso entender, não existe mudança efetiva sem a união de todos.

Esse trabalho foi tema de uma matéria no Jornal da Record, da TV Record compondo a série apresentada pela emissora intitulada “Vidas Atropeladas”, na primeira semana de novembro.

Fonte: ONSV